terça-feira, 11 de maio de 2010

Sobre Ensaio

Perguntando-me a mim mesma: o que é que eu devo falar? Este é sempre um momento bastante difícil pras duas partes, você e eu. Existe uma certa quantidade de questões e de assuntos sobre os quais eu falei tantas vezes... Se a gente se repete algumas coisas, mesmo aquelas que pertencem à nossa própria fé, ou à nossa própria esperança, essas coisas começam a morrer. E como! Então, já não é possível dizer sempre as mesmas coisas. Ainda que elas sejam tão importantes.
Já de outras coisas, eu não paro de falar. Não que elas sejam menos verdadeiras, eu acredite menos ou sejam menos importantes, mas eu não posso calar dessas. Algumas coisas, eu só paro de falar quando eu (re)encontrar meu verdadeiro amor. E com isso eu não quero dizer que quero me reencontrar com alguém, pelo contrário. Eu quero me encontrar é com o sentimento. Dizem que no primeiro amor da gente, a gente ama a pessoa, e nos demais, amamos a sensação do amor, da paixão, que o seja.
Eu não vou parar de falar dessas coisas enquanto não reencontrar o amor verdadeiro. Vou andar por aí, não vou deixar de viver. Estou com energias renovadas "cheia vida, mordaz e ferina". Como diz o poeta, de fato não sou mais a mesma, respiro outros ares, navego outros mares. Outros lugares e olhares. Isso faz bem, mas não me afasta do sentimento. É o que as pessoas não entendem. Esses outros "ares e olharem" remetem àquelas presenças antigas e sufocantes que voltam com seus velhos discursos de meu comportamento.
Acho que aprendi com você a lidar com as pessoas e vou te levar comigo por muito tempo ainda. E afirmo que você vai me levar contigo, tenho alguma dimensão do que fui pra você, como coisa boa e ruim. Admito meus erros e os enxergo hoje com muita clareza e ainda tenho problemas por não compartilhar contigo essas minhas descobertas de mim...
E, quando te encontro, ainda me pergunto: o que devo falar? De fato, essas coisas ficaram velhas, batidas, no fundo do teu armário, como uma história qualquer. Bonita, mas que foi tão repetida que se vulgarizou. Mas pra dizer a verdade, o que tenho a dizer é que de fato, eu já tinha saudades de mim. Da minha autenticidade, tranquilidade. Estou pronta pra viver outras coisas, reencontrar meu grande amor. Já sei quem eu sou, e o que tenho que não pode ser perdido. Já conheço as partes de mim que me farão falta.
Lembrei do meu amor por mim pra poder decretar o fim desse "ne me quitte pas". Tudo que vivi foi lindo, e eu queria ter pra sempre, até que fosse chegado o dia da minha morte. Mas teve fim. O que vivi ficou no passado e a vida só acontece no presente. Meu amor, eu tive que deixar o passado ir, por não aguentar mais sofrer. E dói muito.  Quando estava ainda bem recente a separação, questão de dias, alguém me disse que era só o tempo passar, que a dor parava. E esse alguém mentiu, ou se enganou. A dor não passa. Ela continua a mesma todos os dias. Só o que muda é a decisão de ficar olhando pra dor e sentindo ela, ou deixar de olhar pra ela e dar-se a chance da distração.


Isso é o que está acontecendo. Me faz bem, imaginar que esse ensaio foi uma conversa de verdade. Essa é só mais uma das cartas que tenho te escrito, que já lotam tudo aqui. É bom imaginar que ainda te conto sobre minha vida e tudo o que me acontece. Fico imaginando seus amigos novos, se tiver, por onde anda, o que estará fazendo e isso não me faz mal. Nem quando penso em seu novo amor. Reconheço que bate só um pequeno despeito. Mas respeito seu desejo e seu desamor. Pessoas se apaixonam e desapaixonam todos os dias. Isso é comum e é vida.
E eu estou viva, muito viva. E só paro de dizer essas coisas quando eu encontrar o amor da minha vida!

Sofia

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