No nosso último jantar, sentamos à mesa e comemos em silêncio, o próprio. Bebemos vinho e não brindamos, só se brinda quando existem planos. Naquela noite, naquela mesa, nosso último jantar era a única certeza. Alguém que por ventura bisbilhotasse nossa janela, veria talheres e copos flutuando sobre as velas. No nosso último jantar, sentamos à mesa e comemos transparentes. Alguém que por ventura bisbilhotasse nossa janela, veria comida sendo digerida dentro da gente. No nosso último jantar, sentamos à mesa e carcomemos. Alguém que bisbilhotasse nossa janela nos veria por muito pouco tempo.
quarta-feira, 5 de maio de 2010
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