sexta-feira, 26 de março de 2010

Sobre a "Eternidade"

Ah, se já perdemos a noção da hora, se juntos já jogamos tudo fora, me conta agora como hei de partir. Ah, se ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios, rompi com o mundo, queimei meus navios. Me diz pra onde é que inda posso ir se nós, nas travessuras das noites eternas, já confundimos tanto as nossas pernas. Diz com que pernas eu devo seguir se entornaste a nossa sorte pelo chão, se na bagunça do teu coração meu sangue errou de veia e se perdeu. Como, se na desordem do armário embutido, meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato inda pisa no teu? Como, se nos amamos feito dois pagãos, teus seios ainda estão nas minhas mãos, me explica com que cara eu vou sair. Não, acho que estás te fazendo de tonta. Te dei meus olhos pra tomares conta, agora conta como hei de partir.

(Eu te amo - Chico Buarque)




Acho que essa música é a última coisa que tenho a dizer. Pra mim mesma. Só fiquei mesmo pensando no quanto tudo isso me é verdadeiro. O quanto foram verdadeiros rompimentos, desvarios, confusões de pernas (e mãos, e braços, e bocas), travessuras, amor pagão... E a sorte entornada no chão. Eu acho que estou no chão também. E é muito difícil levantar. Já levanto pensando na gota d'água que eu devo ter jogado naquele pote de mágoas...

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