sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Sobre o Caso Eloá

Bem, é um caso onde não há muito a se dizer. A não ser que é lastimável e que a mídia está transformando mais uma dor numa encheção de saco. Apesar de parecer, não, eu não sou contra mídia, mas acontece que as velhas "notícias" a respeito passam o dia todo. Desde o Bom Dia Brasil, ao Jornal da Globo. Massante.
E discutem de quem é a culpa da morte da adolescente. Pai ! Por que a polícia ? Não teria sido do louco do seqüestrador. Ah, sim. Mas a polícia poderia ter evitado. COMO ?? Invadindo antes ? Esperando um pouco mais ? Rezando pra Nossa Senhora Desatadora dos Nós ? Novenas ? Ponde veneno na comida do rapaz ? Vamos ser realistas, minha gente. Todas essas coisas poderiam ter dado errado.
Condenar a polícia é a coisa mais fácil de se fazer mesmo. Uma entidade desacreditada, completamente desmoralizada, com menos moral que cães vira-latas. Esquecer que ganham miséria, trabalham se condições e sem preparo é mais fácil ainda. Não quero justificar erros, só peço sobriedade no julgamento.
Não defendo Lindemberg, como defendi Sandro. Muito pelo contrário. Acho que é um louco, um desequilibrado que deve pagar, se é que se pode pagar depois que a vida de uma adolescente foi tirada. São histórias completamente diferentes. Histórias de vida, é o que quero dizer. E mais uma vez, ouço falar na polícia.
Esses dias, um grande amigo meu, criticou a polícia, disse que a PM paulista era um droga. Que se fosse aqui no Rio, a polícia teria invadido o apartamento no mesmo dia, pelo trauma do 174. Tentei, mas não pude me conter: "Vem cá, do que adiantou ? Geísa morreu. Só que aqui foi pelas mãos da polícia e lá, pelas do seqüestrador", disse eu indignada. Pra minha surpresa, recebo a seguinte resposta: "Ah, mas em São Paulo, o Lindemberg ainda está vivo." Céus ! Se o seqüestrador morre, as vidas da professora ou da adolescente são devolvidas ? É algo positivo ?
Não sei. Só digo que Sandro não teve a sorte de Lindemberg de ter o acompanhamento da mídia, que acompanhou desde o momento em que começou o seqüestro até a chegada dele a delegacia. Talvez, se não tivesse tido, o rapaz também tivesse uma "morte misteriosa" no camburão. Aliás, essa foi só uma das interferências da mídia.
Nunca vi um seqüestrador ser entrevistado no cativeiro ! Nunca vi um seqüestrador conversar com um telejornal por telefone celular. Isso é o cúmulo. Pasmem, leitores imaginários: eles estavam na área de negociação. Lá, junto com a polícia que criticaram. Podem me chamar de ditadora, de repressora, mas a polícia deveria ter impedido. Colocado todo mundo pra fora da área de negociação. Inegavelmente, atrapalhou. Onde já se viu, senhores ? Fiquei indignada ! Aí, me vêm gritar por 'Liberdade de Expressão' . Cada um expresse o que quiser. Tem quem expresse que é gay e eu não falo nada. Apóio, inclusive. Mas não aceito que ponham em risco uma vida para "estar mais perto da notícia". Acho grotesco. Poderiam estar em qualquer local do prédio: no térreo, no andar de baixo do apto de Eloá, no andar de cima, no elevador - subindo e descendo porque é divertido, na cobertura. Em qualquer canto. Menos no apto ao lado, usado pra negociação.
E a culpa é só da polícia.

Me poupem, senhores. Me poupem.

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