quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sobre Respeito aos Idosos


" Boa noite . Olhe, eu vô falá rapidin que eu tô, eu já tô tão injuriada que se eu for ficar aqui meia hora, uma hora, vai ser um pé de pica ! Eu acordei hoje sete hora da manhã que é dia de receber a minha apusentaduria . Aí, de manhã, já é aquele aburricimento, que eu tô morando em casa com um meu fio que é adevogado, que a mulé botô pra fora e ele tá morando dentro de casa. Tá cumendo tudo da minha apusentaduria. A neta é o diabo. A menina é assim: eu não posso tê nada dentro de casa que ela come, que ela consome tudo. Aí, acordei de manhã e disse: eu vô lá. vô lá pegar o metrô, o trem, vô andar. Mas num se tem nenhum respeito com véio. Quer dizer, a pessoa pega um ônibus hoje, se ela não tiver força de vontade, prá pudê enfrentá aquilo, ela vai em pé, porque ninguém dá um lugá a uma pessoa que tem idade. Não sei pra que serve aquela porra daquele adesive que diz 'idosos e deficientes'. Cheguei no metrô, tava uma menina com um menino enorme na mão. Eu falei: 'meu fio, você não acha que tá muito grande pra tá no colo de sua mãe, não ? dê o lugar pra vovó sentá', ela virou: 'vai tomar no seu cu'. Eu ia dizer que diabo a ela ?? Fui pelejando, pelejando.. Consegui chegá lá. Quando chegou ali, no Paraíso, eu levei uma cuntuvelada na espinela de um fuciboy que eu disse: ' ah, Exu. vá a .. ' Olhe, não vou dizê nada não. Aí, cheguei lá, essa porcaria, da porra, da porcaria, da porra da reforma, tudo em greve. Entrei no banco, eu disse assim: ' Vou vê se tem algum dinheiro pra mim '. Cheguei lá , é aquela putaria: ' pric, pric, pric, pric. ' buzinando. Você tem que tirá tudo que de ferro da bolsa. Eu não tinha nada. Uma moeda, eu não tinha. A única coisa que eu tinha dentro da bolsa era o meu palheiro. Eu disse: ' já é. eu vou entrar '. Chegando lá, minha filha, eu não tinha um nada, uma raça de ninguém. Que eu sou preta, eu me respeito. Mas, a desgraçada da japonesa. Cheguei lá, não sei como é o nome dela. Não sei se é Tomi, Yoki, Shioki, Shoyo, Shushi.. Não sei como é o nome dela. Cheguei lá, eu entrei eu disse: 'minha fia, eu vim aqui pra pudê recebê a minha apusentaduria.' Ela: ' a senhora sabe que agora a coisa, mudô. a senhora já tem a senha ?' Eu disse: 'que senha ?' Ela disse: ' a senha. a senhora tem que fazer a senha, botar os númuro'. Eu disse: ' Mas, minha fia. Eu, nessa idade, que númuro que eu vou saber botar aí ? '. Aí, a desgraçada me disse: ' então, vá falá com o gerente. '. Minha fia, eu tava tão inframada, que eu virei e a primeira pessoa, que a fila que eu vô é de deficiente e de véio. A primeira pessoa que eu olhei pra trás era um aleijado. Eu disse assim: meu fio, pra gente não se aburricê, a gente tem que se segurá na mão de Deus. Quando eu olhei pras mãos dele, ele era moco, não tinha as duas mãos. Na hora, eu esmudici. Aí, eu disse a ele: 'meu fio, se a gente não tem as mão, tem que cramá é com a boca. ' Ele se riu. Eu fui lá no gerente, fiz a porcaria da senha. Quando eu voltei a desgraçada disse: ' a senhora lembra ? '. Eu disse: 'minha fia, eu vou lembrá de quê ?' Disse assim: 'a senhora não anotô ?' . ' Minha fia, eu não sei nem escrevê, como é que eu ia anotá ?'. Aí, começô. Eu disse assim: 'você não vai me dá meu dinheiro não, sua descarada ? Porque eu não tô lhe devendo nada e nem você tá me devendo nada ! Sua descarada, sem vergonha. Me dê meu dinheiro . Má minha fia, me perdi a paciência, que eu tirei do diabo e botei naquela japonesa. E ela disse assim: ' Eu vou chamá o gerente '. Eu disse: 'você chame a puta que lhe pariu, sua escrota. Que a única coisa que vou lhe dizê é: eu tô velha, mas não tô morta. Você, japonesa, você abra seu olho.' . "

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